O que dizem sobre nós

12 meses. 12 constatações.

1 ano. Sim. O pirralho fez um ano. E enquanto ele cresceu bastante nestes primeiros 12 meses de existência, eu cheguei à conclusão que também cresci e aprendi algumas coisas. São constatações que partilho agora consigo, caro leitor.
1. “O cocó do meu filho não cheira mal”. Quem disse isto, das duas uma: ou tinha a zona nasal fortemente obstruída ou teve mais sorte do que a senhora que trabalha no bar dos bombeiros e que ganhou o Euromilhões. O do meu filho cheira tão mal que às vezes tenho de olhar para ele só para confirmar se tenho uma criança ou uma fábrica de celulose.
2. A capacidade que o miúdo tem de espalhar coisas pela casa nunca deixará de o surpreender. Num segundo até pode ter a casa arrumada. Mas no segundo seguinte, vai parecer aquelas cenas de filme em que o protagonista percebe que os maus da fita foram a sua casa à procura de algo e reviraram tudo de alto a baixo. Prepare-se para um cenário de brinquedos, peças de Lego, luvas de cozinha, livros, comandos de televisão, um sapato, meia dúzia de peluches e uma cenoura meio comida.
3. Vai apanhar o seu filho em várias situações em que vai dar por si a pegar no telemóvel para filmar o que ele está a fazer porque está a fazer a coisa mais querida ou engraçada de sempre. Esqueça. Assim que pegar no telemóvel, ele vai pura e simplesmente parar de fazer. E por mais “vá lá filho!”, “faz lá isso outra vez” ou “faz de conta que eu não estou aqui”, ele não vai voltar a fazer aquilo. E sim. Ele está a gozar consigo.
4. É uma questão de tempo: vai levar com xixi em cima. Pode não ser logo nos primeiros dias, mas é tão inevitável quanto a ovelha ser choné: irá acontecer.
5. Lembra-se dos tempos em que ia aos concertos dos U2, dos Metallica e dos Foo Fighters e cantava as musicas todas de cor? Agora vai dar por si a cantar tudo do Panda e dos Caricas. Seja o “Panda Style”, o “Sou uma Taça”ou o “Homem Primitivo”. Raispartam as musicas que colam nas paredes do cérebro e lá ficam que nem pega-monstros.
6. Os carrinhos de bebé, nas alturas de maior stress, nunca são fáceis de dobrar e arrumar no porta-bagagens do carro. Entre a criança a chorar porque tem fome, a mãe a dizer “embora lá, temos de ir que o miúdo tem de comer!” e o senhor que está no carro dentro do parque do shopping já com o pisca ligado à espera que a gente saia para ele poder estacionar, damos por nós com raiva da senhora da loja onde se comprou o carrinho de bebé: “Como é que ela fechou isto de forma tão fácil???!!!!”
7. Por mais brinquedos que o miúdo tenha e que sejam próprios para sua idade, ele vai sempre ligar mais a basicamente tudo aquilo que não é para ele. Seja o já mencionado comando de televisão, seja um sapato da mãe, as chaves de casa do pai, a barra de som da televisão, o fio eléctrico do candeeiro e uma peça de plástico no trinco da porta de entrada.
8. Tem algo marcado para uma determinada hora e tem de levar a criança? Mesmo que deixe tudo preparado de véspera, deixe-me dar lhe uma notícia: vai chegar atrasado. Por exemplo, combinou um almoço com amigos para eles conhecerem o bebé. Conselho: comece a preparar tudo às 7 da manhã. E mesmo assim, vai chegar atrasado.
9. Lembra-se de dormir até mais tarde ao fim-de-semana? Era bom, não era?
10. Ponha o número dos seus pais e dos seus sogros nos “favoritos” do seu telemóvel, porque vai falar com eles muitas, mas mesmo muitas vezes. E já agora, ensine-os a usar o FaceTime e o WhatsApp. (E aproveite para explicar que escrever em maiúsculas é o mesmo que gritar.)
11. Sempre que quiser ver algo na televisão, tire uma pilha do comando e guarde-a no bolso. Assim, não corre o risco do miúdo mudar de canal na altura exacta em que o seu clube vai marcar um golo. Mas atenção: a criança vai perceber que o comando não está a funcionar e que você é o culpado dessa situação. Por isso, se o apanhar a olhar para si com uma expressão do tipo “Eu sei o que tu fizeste, seu bandido….” não se admire.
12. Aproveite todos os momentos com o miúdo. Brinque. Dance. Passeie. Conte-lhe histórias. Ataque-o com cócegas. Aproveite todos os segundos. Aquilo que me disseram é exactamente aquilo que lhe digo: isto passa demasiado rápido.
Vasco Palmeirim