O que dizem sobre nós

Brinquedos

É uma inevitabilidade, como os impostos e a TVI emitir mais uma edição da Casa dos Segredos: o miúdo não pára de crescer. E já entrámos na fase dos brinquedos. Enquanto pais, queremos obviamente que ele brinque com coisas que o estimulem e que o ajudem nesta fase da vida. Já lhe comprámos aquelas caixinhas com formas geométricas e até um carrinho – que, sejamos sinceros – faz lembrar um andarilho para o ajudar a começar a andar. O problema é que ele, para já, liga tanto a esses brinquedos como eu ligo aos filmes do Harry Potter: dou-lhes atenção durante 5 minutos e depois quero é fazer outra coisa qualquer.

Mas quer isso dizer que o miúdo não gosta de brincar? Errado. Ele gosta de brincar. E muito. Brinca é com coisas que, à primeira vista, uma pessoa não considera um “brinquedo”. Eis então uma lista das 3 coisas favoritas do meu filho, neste preciso momento.
O comando do estore
Um simples comando branco, com umas setinhas, que está pendurado num móvel da cozinha. Eu repito. É uma peça de plástico branca. Com umas setinhas. Mas o miúdo quando vê aquilo parece uma adolescente histérica a ver o Justin Bieber mesmo ali à sua frente. Estica logo o seu bracinho para tocar, para pegar, para morder. Eu, percebendo o histerismo inerente a esta questão, pego no comando e dou-lhe para a mão. Ele pega, grita, abana o dito cujo até ao momento em que o vejo a esticar-se para voltar a pôr o comando no sitio. Como ele ainda não tem essa capacidade, sou eu quem faz isso. E assim que o coloco, o que sucede? O meu filho volta a parecer uma adolescente histérica e começa a esticar-se para pegar no comando. É todo um ciclo. Bebé observa a peça -> Estica, estica para tirar -> O pai dá -> Manuseamento e agitação da peça -> Estica, estica para voltar a pôr -> O pai ajuda -> Peça de volta ao sítio -> Bebé observa a peça -> Estica, estica para tirar -> O pai dá…
Tenho a certeza de que ele conseguia ficar o dia todo nisto. E eu tento ficar. Até não conseguir aguentar mais com o miúdo ao colo, porque 9 quilos já fazem doi-doi no bracinho.

A pecinha que abre uma caixa na parede da cozinha
Na parede da nossa cozinha, está uma especie de armário com uma peça na porta que permite a abertura da mesma. Essa peça tem umas letras – muito provavelmente a marca do dito armário. Básico? Sim, para 99,99999999% da população, mas não para o meu filho. Para esta criança, essa peça tem algo. Algo que tem de ser tocado, sentido, raspado com o seu indicador esquerdo, sempre em riste, que nem o ET a tocar no dedo do Eliott. E lá fica ele, feliz da vida, sentindo as letras com a sua unhazinha. E é, normalmente, nestas alturas que penso “Temos de cortar as unhas ao miúdo”. E também quando ele decide escarafunchar nos meus mamilos.

O comando da Box
Já deu para perceber que o miúdo tem uma cena com comandos. Mas este comando em específico proporciona um “duplo-prazer” ao gaiato. Não só é algo com que ele pode brincar, mas ele já percebeu que, carregando nos botões, ele consegue fazer algo. Seja mudar de canal. Mexer no volume. Até desligar tudo. Ele sabe que é ele que faz. E essa posição de “poder” é algo que o fascina… Oh meu Deus! Ele gosta de poder. Até há bem pouco tempo gostava de mamar. Estarei eu a criar um futuro político?
No outro dia encontrei um comando antigo e pensei “vou é dar-lhe este para ele brincar!”. Estou a falar de um comando exactamente igual ao que funciona na nossa box, só que com um risquinho de outra cor. Em vez de ser laranja, é roxo. Quase não se percebe a diferença. Eu juro que no outro dia olhei para o meu filho e ele estava com o comando que não funciona na mão, a olhar para mim com um ar de “Tu estás a querer enganar-me?????”.
Nessa noite, ele praticamente não nos deixou dormir. Coincidência? Não creio.

Vasco Palmeirim