O que dizem sobre nós
AC/DC
Sim. O concerto deles está quase aí. O leitor sabia que somando a idade de todos os elementos dos AC/DC o resultado é exactamente igual ao meu NIB? Mas não é sobre esses AC/DC que vou escrever. É sobre outro AC/DC. Antes da criança/Depois da criança.
É assim que a vida de um casal se pode dividir. Mas atenção! Não estou a querer dizer que o “antes” é a parte boa e o “depois” é uma chatice ou vice-versa. Nada disso! Não há aqui avaliações ou juízos de valor. Há apenas a constatação de que, como disse Lavoisier, “na natureza tudo se transforma”. E acredito piamente que o senhor Lavoisier tenha dito mais coisas bastante interessantes ao longo dos seus 50 anos de vida, mas creio que nenhuma dessas coisas assenta tão bem quanto essa neste contexto específico. Se calhar ele até iria dizer algo ainda mais extraordinário aos 51 anos, mas ter sido guilhotinado não o ajudou muito nesse aspecto. Ou noutro aspecto qualquer.
Concentremos as nossas atenções no DC. O Depois da criança. Pensarmos apenas na chegada de uma mini-pessoa de 50 centímetros é claramente um eufemismo. Sim, surge a criança. Mas também surge outra coisa: uma nova dinâmica de casal. Estou a falar de novos ritmos de vida. Novos horários. Novas caras. Novas olheiras. Novas nódoas na roupa. O pouco tempo a 2. Dormir a 3. Ir ao Corte Inglês ao piso 4.
Depois da criança, muito pode mudar. Pode ser preciso mudar de carro. Pode até ser preciso mudar de casa. Mas muda, de certeza, o que se pensa. Muda o quanto se gosta. Mudam as nossas prioridades. Muda o que se faz. Muda o que se diz. E atenção a isto. Àquilo que se diz. Primeiro, atenção ao que se diz perto da criança. “Mau! Não digas palavrões que ele não pode ouvir isso!” “Não vejas esses filmes, olhó miúdo!” “Não grites golo tão alto que assustas o bebé!”. Mas atenção também ao que se diz no seio do casal. Vão surgir novas frases. Sim. Vão ser proferidas coisas nunca antes ditas. Aquilo que um elemento do casal diz ao outro [e até a outros!] vai mudar. “Mas mudar como?” – pensa o leitor. Qual Ambrósio, tomei a liberdade de pensar nisto.
PS. O Noddy é mesmo a banda sonora durante a refeição. O genérico no youtube tem 12 milhões de visualizações. Tenho ideia que milhão e meio delas é culpa minha.
Vasco Palmeirim