O que dizem sobre nós
Semelhanças e diferenças
Tenho 37 anos de idade. O meu filho tem 11 meses. E a verdade é que, não obstante esta pequena diferença temporal, já me apercebi que eu e o Tomás temos algumas coisas em comum. Eu gosto dos Beatles – Ele gosta dos Beatles. Eu gosto de arroz – Ele gosta de arroz. Eu gosto do Walking Dead – Ele a andar parece um pequeno zombie.
Mas está claro que há diferenças. Tem de haver. E mal seria se não as houvesse. E não falo das óbvias diferenças respeitantes à nossa forma de comunicação, tamanho de vestuário [evitar a piada fácil, sff. Agradecido] ou acto de evacuamento. Estou a falar concretamente da forma como ele vê coisas do nosso quotidiano e lhes atribui uma determinada função, função essa que não é bem aquela a que nós – adultos – estamos habituados. Qual Dian Fossey – que passou anos da sua vida no Zaire e no Ruanda a observar e a estudar os gorilas, eu também dediquei muito do meu tempo a observar e a estudar o meu filho. Que não é um gorila. Mas de vez em quando tem uns macacos no nariz que parecem king-kongs.
Tomei a liberdade de criar um pequeno glossário com objectos do dia-a-dia e respectivas diferenças no que toca à sua utilização e funcionalidade. Para nós, os adultos. E para ele, o pirralho.
Acho que já se percebeu que o miúdo está numa fase em que facilmente faz birras. Mas atenção! Não pensem que o pirralho passa o tempo todo a chorar. Ele também se ri. E muito! O que o faz rir? Ouvir o pai a arrotar, ver a mãe bater nas almofadas e, muitas vezes, o som dos seus próprios puns. É coisa que me comove.
Vasco Palmeirim